BAD HEART DAY
- Ana Carolina M.
- 28 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Estava no metrô esses dias e foi me dando uma tristeza repentina, um aperto no coração, um desânimo, e aquela vontade de chorar "do nada". Engraçado como alguns dias acordamos bem, sem neura na cabeça, fazemos nossas coisas, conversamos, comemos, e como que num passe de mágica surge uma tristezinha bem pequenininha, que vai crescendo, crescendo e crescendo, e quando você menos percebe e sem entender nada, vem a vontade de chorar, o choro aprisionado na garganta e as mãos invisíveis que amassam o coração. Mas porquê isso? Bom, não sei, não faço ideia. Seriam problemas acumulados, saudades em excesso, questões mal resolvidas? Me diz você.
Tem dias que parecem ser o nosso "Bad heart day", e assim como o Bad hair day, quando nos vemos enjoadas do nosso cabelo, o bad heart day vem pra nos deixar enjoadas de alguma coisa, que nem sempre sabemos o que é, mas que mexe com nosso coração metafórico. Aquele coração que aprendemos a desenhar na escola sabe, esse aqui: ❤
Ás vezes a gente acorda cansada de ver o mesmo cabelo de sempre, queremos cortar, ou queremos que ele cresça mais, queremos pintar, raspar, prender, precisamos simplesmente mudar. Tem dias que acordamos e não há santo que exista no mundo pra dar um jeito nesse bendito cabelo. Tá feio, sem brilho, ressecado, com pontas duplas... ai que saco hein. Esse é o famoso BAD HAIR DAY. A vontade é de nem sair de casa, de não arriscar por a cara pra fora com esse belíssimo cabelo que adquiriu vontade própria e não toma jeito.
Pois bem, o BAD HEART DAY vai mais ou menos por ai. Tem dias que o coração "acorda" com zero vontade de colaborar com a gente. Fica apertado, angustiado, chateado sem motivo aparente, e o cérebro por sua vez tenta argumentar: "nada aconteceu meu querido, qual seu problema?" E a verdade é: "problema nenhum, só não tô a fim hoje". E assim como o cabelo, que podemos prender, pintar, cortar ou raspar, o coração metafórico também pode mudar, mas não é fácil. Você precisa convencê-lo de dialogar um pouco com o seu cérebro, e fazer ele entender que está tudo bem, que ele tem o direito de ficar quietinho, mas que por favor não queira fazer estrago sem motivo justificável, apesar do coração metafórico ser completamente irracional e adorar fazer uma ceninha sem razão.
Tenho visto alguns corações metafóricos machucados, cansados e abalados, e conversando com uma amiga esses dias, ela disse algo que fez muito sentido para mim: que não gostamos de perder nunca, nem quando perdemos algo ruim conseguimos aceitar fácil (créditos a você Vivi). E essa é a mais pura realidade que o coração metafórico não entende. Se eu não gosto de perder no Uno, vou gostar de perder na vida? Pois eu (e todo mundo) que aceite perder nos dois. Aceite todas as derrotas, e aceite que seu coração vai acordar de mal humor alguns dias, vai te fazer querer chorar no metrô, vai te fazer se sentir a vitimazinha que só perde na vida. Mas essa não é a verdade, por favor se lembre disso. Quando te fizerem acreditar que você não é forte, não é inteligente, não é boa profissional, bons pais, bons amigos, bons filhos, boas pessoas, lembre-se de que nada disso é a verdade. Perder faz parte e querer chorar no metrô também.
No seu BAD HEART DAY se permita ficar enjoada de tudo e de todos, da sua pessoa favorita até sua comida favorita, da música que você ouve sempre e da série que você senta pra assistir no fim do dia. Fique enjoada mesmo, porque amanhã você vai acordar a fim de ouvir aquela música, de puxar assunto com alguém e de comer a comida que mais te agrada.
E é isso, hoje é meu BAD HEART DAY... rendeu um texto, que bom.
Essa é minha pequena vitória de hoje (mais uma pra você Vivi).
São Paulo, 28 de Julho de 2020.
Ana Carolina M.

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