Far away...
- Ana Carolina M.
- 13 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
“Eu ainda me lembro de quando nos conhecemos. Do lugar, das roupas, de como estávamos no dia. Mas lembro também da sensação, e de como foi decidir que eu ia te chamar pra sair. Fiquei alguns poucos dias pensando nisso, tentando tomar a decisão, conversei com uma amiga e disse que meu medo era você dizer não e ficar aquele clima chato, mas decidi arriscar, e quando você disse sim o sentimento de medo se transformou em ansiedade, e os questionamentos se tornaram outros. “E se ele não me achar bonita”, “e se ele não gostar da conversa”, “e se não rolar nenhuma química”. No dia que te conheci pela primeira vez eu tive uma sensação de paz, como se você tivesse vindo pra dizer “calma, eu tô aqui”, e essa sensação se repete desde então. Perto de você eu me sinto em paz, me sinto segura, me sinto extremamente feliz, e é contigo que eu entendo o que é querer ficar junto pra sempre, o que é querer uma vida inteira ao lado de alguém. Você é uma das melhores e maiores certezas que eu tenho, e você vive num cantinho do meu coração que é só seu e de mais ninguém. Já se foram alguns anos juntos e eu desejo todos os dias que venham muitos outros, que nosso amor seja cada vez mais firme e sincero, e que sejamos sempre o lar um do outro” (a última carta, Novembro de 2019)
Eu sempre escrevi para ele com todo meu coração, eu sempre o quis com todo meu coração, e mesmo quando eu me tornei uma pessoa desmotivada e reclamona, meu coração continuava no mesmo lugar, nele. As borboletas no estômago nunca foram tão fortes, e elas nunca sobreviveram por tanto tempo como quando eu estive com ele. Elas viveram dentro de mim por anos, por muitos anos, e mesmo quando pareciam adormecidas, voltavam a bater forte suas asas toda vez que eu saía de casa em direção a casa dele. Eu nunca vi a vida como vi quando estava com ele, e nunca imaginei amar alguém de uma forma tão pura, decente, e verdadeira como amei ele. Eu realmente via muito potencial em nós. Mas nem tudo que faz sentido está certo, e nem tudo que parece certo há de permanecer assim para sempre. Ás vezes precisamos decidir entre o coração e a razão, e é sempre dolorido decidir entre aquilo que menos nos agrada, mas é preciso. E todos os dias em que sinto falta do abraço, de adormecer juntos no sofá, de decidir o que fazer no final de semana, e de tantas outras coisas, eu lembro que existe em mim uma pessoa que precisa de paz, reciprocidade e saúde mental, e pelo bem da pessoa que eu sou, decidi por aquilo que eu menos queria, estar longe dele.
Há momentos em que precisamos mudar nosso "mindset", porque nosso cérebro, por mais racional que pareça, também nos engana e nos leva a acreditar em coisas não tão certas. Uma parte do meu cérebro ainda acredita em nós, e parece ter esquecido a dor do fim e do que foi dito, mas eu luto para tentar me desacostumar dessas sensações que ainda permanecem aqui, as sensações que estão comigo há nove anos. Elas me enganam ás vezes, me fazem acreditar no que não pode ser mais, em possibilidades que não existem, que não podem existir.
É o fim querida Ana, acredite nisso com todo seu coração e sua mente, e é o começo também, o começo de todas as outras pessoas, histórias e sensações.
Vamos para longe, o mais longe possível do que nos machuca.
Ana Carolina M.
São Paulo, 01 de Dezembro de 2020.

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