Maturidade emocional
- Ana Carolina M.
- 26 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de dez. de 2019
Em 2019 passei por algumas perdas na minha vida e tive que lidar com elas. Uma delas me tirou do eixo e me obrigou a crescer de um jeito extremamente doloroso: a morte da minha mãe. Mas sobre isso eu discorri em vários textos aqui nesse blog. Então sinta-se a vontade em ler cada um.
A outra foi o término de um namoro, um relacionamento que já durava anos. Foram muitas lembranças, sensações, sentimentos e vontades que se concretizaram e outros que nunca vão se concretizar. Mas esse texto não é sobre a lamentação dessa fase, muito pelo contrário, é sobre eu estar extremamente surpresa com a forma que eu venho lidando com a situação. Quando o término aconteceu eu tive certeza de que ficaria "super mal", vivendo o clichê dos filmes americanos (aqui você insere qualquer imagem do que isso signifique pra você), porque usei como parâmetro o término anterior, onde sofri tudo e mais um pouco. Pensei que seria extremamente difícil ir trabalhar, comer, sair de casa e simplesmente viver a vida. E isso de fato aconteceu, as duas primeiras semanas foram mais ou menos por esse caminho. Mas o que me surpreendeu foi que em algum momento durante esses dias eu me vi cansada muito rapidamente disso tudo e me questionando "porque eu estou fazendo isso comigo?" Eu já tinha visto isso acontecer, então porque passar por essa novela outra vez? Eu só estava deixando minha mente me sabotar por motivo nenhum e a troco de nada. E ai minha ficha caiu: o sofrimento é totalmente opcional. É claro que chorar, sentir saudades e uma certa dificuldade em quebrar a rotina e desacostumar de certas coisas causa sofrimento e estranhamento, e isso é necessário em um primeiro momento, é completamente natural, mas permanecer nesse ciclo é opcional. E eu tive a maturidade emocional de decidir que eu não queria mais esse ciclo, afinal não existe um motivo pra sofrer. E me peguei sentindo vontade de fazer várias coisas e estar em movimento, respeitando minhas vontades e o meu tempo, e pra que isso seja possível tenho colocado na minha mente que eu não perdi nada nesse término, nenhum de nós dois perdeu, pelo contrário, ganhamos e muito nesses anos juntos, foi ótimo, foi lindo. Nos respeitamos durante todos esses anos, nos apoiamos e nos fizemos felizes do nosso jeito. E é bom saber que o fim veio selado com paz, mesmo que tenha sido doloroso. Nossa última conversa ao telefone durou 1hr e sinceramente.... pra mim foi incrível. Falei 90% do tempo e ele como sempre me ouviu até a hora de dizer tchau, foi naquele momento que coloquei pra fora meu medo do fim, e foi ótimo tê-lo feito. Tudo aconteceu como teve de ser, e o que foi bom ficou e ta aqui guardadinho, mas agora os dois vão construir coisas novas em caminhos diferentes, com um milhão de possibilidades, e isso sim é incrível!
Amores vem e vão e sempre vamos achar que essa é A pessoa, ou que esse foi o término que doeu mais. Mas eu também pensei que o crush do 3 colegial era pra ser, também achei que nunca ia superar a paixonite do cursinho, também fiquei me perguntando se eu era muito trouxa quando fulano me cozinhou em banho maria na faculdade, e veja só.... sempre ficou tudo bem e sempre vai ficar, porque ninguém me completa e ninguém é o dono da minha felicidade senão eu mesma.
Maturidade emocional é aprender a não se sabotar e amar a você mesmo antes de qualquer outra pessoa, mas sem deixar o ego tomar conta. Maturidade emocional é conseguir falar sobre um assunto sem se sentir mal, sem medir as palavras, sem o gosto amargo ficar na boca, é falar sobre o fim de forma natural e madura, é sair de uma situação só com as coisas boas e com a consciência tranquila de ter sido a melhor pessoa que você podia ser naquele momento da sua vida, e seguir em frente de coração tranquilo. Maturidade emocional é desejar ao outro apenas coisas boas e viver em paz consigo mesma.
E que paz! 🍀
Ana Carolina M.
São Paulo, 22 de Dezembro de 2019.

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