Sobre quebra de rotina: bom ou ruim?

Criei hábitos de cuidado com a minha mente e meu corpo no último ano e me adaptei a uma nova rotina com o yoga, o funcional e a terapia. Porém, no último mês me vi deixando esses hábitos e essa rotina de lado por motivos de trabalho, e tudo bem, mas aí veio o boom da nova pandemia do século 21, a mais devastadora em muitos anos, e fui obrigada a realmente pausar algumas das coisas que estavam me fazendo extremamente bem.

No último mês aconteceram tantas coisas que me tiraram do meu lugar comum, e me fizeram sentir coisas incríveis, boas e ruins. Torci meu pé, fiquei em casa, vi pela televisão o bombardeio de notícias sobre o covid19 e toda a tragédia que eu tenho visto acontecer pessoalmente no meu dia a dia no hospital. Lembrei da religião, esqueci, lembrei novamente, senti vontade de rezar, de agradecer, de pedir, de questionar... senti medo de adoecer e adoecer pessoas ao meu redor. Senti minha mente enfraquecer e começar a bombardear meu corpo físico, senti culpa por ter torcido o pé e ficado em casa, ao mesmo tempo que senti medo de sair de casa. Senti preguiça de ver as pessoas repetindo “que dia da semana é hoje mesmo?” ou “agora todo dia parece domingo”. Senti ansiedade, senti as mãos suarem, senti que não estava fazendo o meu melhor, ao mesmo tempo que sentia que estava dando o máximo de mim, e foi nesse momento que me vi desestabilizada e sentindo uma falta imensa daquela rotina que eu havia criado. Do yoga, do funcional, de sair com meus amigos, e de sentar no sofá da minha psicóloga e sentir o cheiro doce daquela sala. Sentia falta de mim e não me reconhecia mais. Estava novamente vivendo meus dias no automático, e me dei conta de como é importante ter uma rotina de atividades que me deem prazer, que tirem minha mente dos problemas e encham meu organismo de endorfina. Lembrei da Ana Carolina de 2 anos atrás e de como eu não me cuidava, nem prestava a devida atenção em mim, e percebi o quanto mudei pra melhor e o quanto manter essa mudança é importante, é essencial. Adquiri consciência sobre meu corpo e minha mente, sobre o que me faz bem e merece ser absorvido e internalizado, e o que não me acrescenta em nada. Me sinto mais conectada comigo e com o meu corpo, sabendo o que ele quer e do que realmente gosta. Por essa razão minha rotina de cuidados com minha mente e meu corpo se tornou algo primordial pra mim, capaz de me manter no eixo, e em equilíbrio, sem absorver a podridão das pessoas ao redor. Tento me conectar verdadeiramente apenas com aquelas pessoas que me fazem bem e me querem bem também.

Apesar das rachaduras que ainda existem em mim, entendi que meu corpo é meu templo e só agora começo a aceitar a verdade incontestável dessa afirmação.

São Paulo, 01 de Abril de 2020.

Ana Carolina M.

🕉 (Om)